Procura-se juventude partidária. Qualquer uma. Tanto faz.
Merda! Acordei com a sensação de que sou demasiado velho para aderir a uma jotinha. Juntar-me a uma juventude partidária qualquer, e só largar o partido dentro de um caixão.
Tenho 23 anos. Talvez ainda vá a tempo.
Mas qual juventude partidária? Do PS, do PSD, do CDS, do Bloco, do PCP, do Chega?
Do Chega não. Lá só entra quem já nasça grisalho e numa campa de Santa Comba Dão.
Do CDS? Também não. São cada vez mais amigos do Chega.
Do Bloco ou do PCP? Também não. O Bloco pensa muito em palavras e o PCP no Avante, mesmo em tempos de Pandemia.
Do PS ou do PSD? Também não. O PS e o PSD são aquelesiaqueles separados à nascença que se encontram anos mais tarde e acabam a mamar-se na boca num Ramalhete qualquer.
Portanto que venha o Diabo e escolha ou faça um, dó, li, tá; ou que meta o tridente no cu de um pombo. Algum comentador televisivo analisará o sangue do bicho e tirará as ilações necessárias para me apontar um caminho.
Já tive o formulário de inscrição da Juventude Socialista na mão.
Desempenhou bem o papel de bola de basket para encestar no caixote do lixo. Que desperdício de papel.
Felizmente é reciclável. Desde que eu o tenha reciclado, claro.
Mas se são todos uma merda, com alguns a roçar a diarreia, qual é a vantagem de estar numa jotinha?
As jotinhas são McDonald's ideológicos. Entramos numa e dão-nos rapidamente a papinha toda.
"Bem-vindo. A partir de hoje vais acreditar nisto e naquilo. Vais defender o partido, sem questionar nada. Vais votar segundo o que vem de cima. Se já estiveres em cima, voltarás de acordo com o nosso passado e a nossa tradição".
E há quem faça disto uma carreira!
Entra numa jotinha, perde a virgindade no Parlamento e dá a última queca a olhar para a bandeira do partido.
A esta gente chamamos políticos.
Os políticos dividem-se e dividem-nos em canhotos e destros.
A esquerda ofende-se com quem ouse dizer paneleiro, fufa, preto ou Lelo, enquanto tenta sob a capa da igualdade enfiar gays, lésbicas, negros e ciganos em sacos avulsos de identidade.
Logo, somos mais iguais quanto mais divididos estamos.
A direita ofende-se com quem sugere que o aborto e a eutanásia não são crime ou um atentado aos bons costumes. Ofende-se também com palavrões porque atentam contra o decoro exigido à vida social. Palavrões como cona, caralho, picha gorda, colhões à Gomes de Sá.
E não saímos disto. Discutimos palavras enquanto eles escolhem a posição do Kama Sutra em que nos vão pinar.
À esquerda sugere-se um 69 em que todos se satisfazem oralmente ao mesmo tempo. Igualdade.
À direita sugere-se o tradicional missionário em que o homem cristão subjuga o lado selvagem de todas as Evas que lhe apareçam por baixo.
Pensei numas frases ofensivas:
No outro dia estava na Igreja a ler a Bíblia, quando um preto paneleiro me apareceu à frente com um caralho descomunal. Quase quis ter uma cona. Meu deus.