Se decorresse no século XXI a Segunda Guerra Mundial duraria minutos. Com
tantas redes sociais e com tanta autopromoção, parece-me lógico que Adolf Hitler,
Mussolini, Estaline, Churchill e Roosevelt seriam grandes instagrammers e membros
activos no Facebook, Twitter e Twitch.
Mal estalasse o conflito, Hitler faria uma live stream no Twitch e escreveria no
Twitter: «sinto-me abençoado, acabámos de invadir a Polónia com sucesso!»; colocaria
uma fotografia no Instagram, sentado nas escadas do Reichstag, afagando o pêlo do seu
pastor alemão. Na descrição, escreveria: «sinto-me abençoado, acabámos de invadir a
Polónia com sucesso!» Pouco inspirado, fracas ideias: o habitual. Abaixo seguir-se-ia
uma enxurrada de hastags, tais como: #abençoado, #chegueievenci, #adoroomeucão,
#odeiojudeus. Mas tudo isto em alemão, aquele idioma cheio de consoantes que por si
só justifica o nazismo.
Talvez Churchill seguisse o mesmo caminho. O Facebook perguntar-lhe-ia: «Em
que estás a pensar?», e ele, com tanta coisa por dizer, não se ficaria. Já idoso,
provavelmente responderia como se o Facebook fosse uma pessoa. «Ilustre Facebook,
obrigado pela tua questão. Vai uma charutada? Vá, não faças cerimónias! São cubanos,
sem embargo. Honestamente, tenho andando a pensar naquele parvalhão do Hitler e
no papa-crianças do Estaline. Quem me dera queimar-lhes os olhos com os cubanos, só
se estragavam mesmo os charutos. Isso, sim, seria o verdadeiro crime contra a
Humanidade!
Sempre teu, Winston Churchill.»
Benito Mussolini recorreria às stories do Instagram. Ali colocaria pequenos
vídeos em tronco nu, incitando os seus queridos camisas negras a bater em comunistas.
Estaline utilizaria o Twitter para esgrimir argumentos com Hitler. «@AdolfHitlerFührer, podes ter invadido a Polónia, mas a Ucrânia já cá canta há uns tempos. #LenhaparaGulag.»
Roosevelt demoraria a reagir porque estava a terminar a segunda temporada de
Dark, no Netflix. Quando saísse do seu transe, pensaria: «estes alemães até fazem um
bom trabalho!» De seguida abriria as redes sociais e ficaria horrorizado. Escreveria no
Twitter: «@KingGeorgeVI, peço-lhe perdão. Estava no Netflix and chill. Vou já mandar a
força aérea para aí.»
No meio de tudo isto, os líderes esquecer-se-iam de desligar a informação de
localização do smartphone, e saberiam em minutos onde estavam os seus inimigos.
Milhares de bombas voariam, Hitler não teria um bunker, Estaline não teria o seu
derrame cerebral, Mussolini não serviria de bola de futebol nas ruas, Churchill não teria
tempo para mais charutadas e Roosevelt deixaria de pagar a conta do Netflix. Isto tudo
em minutos!
Uma calamidade! Uma verdadeira calamidade ter de fazer unfollow a tanta
gente, ainda por cima em tão pouco tempo….